23 de mar de 2023
Tendência de recuperação se mantém no segundo mês de 2023
A pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de fevereiro, realizada pela Fecomércio MG com dados coletados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que as famílias em Belo Horizonte estão cautelosas em relação ao consumo, apesar de uma pequena elevação do índice geral de consumo para 87,9 em março, o que representa um aumento de 3,4 pontos em relação ao mês anterior. É nítido, quando analisados os dados, que há uma tendência de recuperação em comparação aos valores anteriores à pandemia.
O analista de pesquisa da Fecomércio MG, Devid Lima, destaca que o indicador vem apresentando melhoria contínua o que pode ser explicado por diversos fatores, “em especial a demanda do consumidor que, frente às instabilidades causadas durante a pandemia da COVID-19 esteve reprimida e, nesse momento, faz com que o consumo aumente e os números tendam a retornar aos registrados no período pré-pandemia”. No entanto, esse comportamento é principalmente notado no setor de serviços, “enquanto o consumo de itens não tidos como essenciais (alimentação, moradia etc.), presentes no comércio, ainda sofrem os efeitos da alta de juros, inflação e endividamento das famílias”.
Importante destacar a intenção de consumo das famílias com renda superior a 10 salários mínimos pois nesse grupo as famílias sofreram menos com a pandemia e, no momento atual, está satisfeita ao ponto de em janeiro ultrapassar a marca de 100 pontos, chegando atualmente aos 108,3 pontos. De acordo com o Economista da Fecomércio MG, Stefan D’Amato, “As famílias de alta renda são menos impactadas por flutuações e impactos macroeconômicos, especialmente em seu consumo, por diversos motivos que vão desde a maior estabilidade financeira, controle rigoroso de suas finanças pessoais, ganhos com investimentos diversificados como também do melhor acesso a crédito”.
Os efeitos se tornaram ainda mais evidentes ao analisarmos o recorte por renda, abaixo e acima de 10 salários mínimos.
A segurança das famílias com respeito ao emprego atual
Ambos os grupos de renda estão bem seguros com o seu emprego atual quando comparam com março do ano passado. Tendo um destaque para as famílias acima de 10 salários mínimos, em que mais da metade estão seguros em comparação a 10% a menos registrado nos 41% da outra faixa de renda. Essa segurança é advinda da quantidade da renda poupada que possa gerar um maior conforto em momentos de crise e instabilidade econômica.
Outro ponto a ser observado está ligado diretamente à quantidade de pessoas desempregadas prevalecendo a ideia de que, quanto maior a parcela dessas pessoas, tantas mais estarão dispostas a trabalharem por quantias menores de salário. Algo que é pouco observado na faixa de renda superior a 10 salários mínimos das famílias que, por serem altamente remuneradas pela mão de obra mais especializada, estão sujeitas a menores flutuações de salários e com menor possibilidade de serem desligados dos empregos atuais.
Há diferenças também na perspectiva profissional
No geral a compreensão de melhoria profissional está bastante positiva, para a metade dos entrevistados. No entanto, são as famílias com mais de 10 salários mínimos que seguem mais otimistas, em especial pelas suas melhores condições e colocações no mercado de trabalho, que favorecem a sua ascensão profissional. Em comparação as famílias de menor renda, não houve um padrão definido sobre este tema, visto que não houve um padrão que se destacou entre a sua perspectiva de carreira.
A renda atual das famílias de menor renda são as mais afetadas
Não teve um padrão definido em termo gerais com respeito à melhoria, piora ou mesmo igual ao mesmo período do ano passado. Porém, quando analisado separadamente por grupo, as famílias de maior renda constataram uma da renda atual. E, as demais informações levantadas do grupo de menor renda, apontam para uma estagnação com poucos casos de melhora.
A assimetria no acesso ao crédito
Fica evidente, após analisado os resultados, que as pessoas com renda abaixo de 10 salários mínimos têm maiores dificuldades em acesso e provavelmente estejam mais endividadas no momento. Este fato, foi apontado por 41,6% das famílias que compõem este grupo. Por outro lado, as famílias com maior renda acreditam que o acesso ao crédito está facilitado e favorecendo os empréstimos/créditos para comprar a prazo. Como este grupo tem maiores garantias e são considerados clientes diferenciados pelos bancos, os efeitos sobre o seu consumo são raramente afetados por instabilidades econômicas, e caso sejam afetados, podem optar por postergarem o seu consumo.
Existe algo em comum entre os grupos, o nível de consumo que está abaixo do desejado
Todos foram afetados pelos efeitos de instabilidade econômica, com menores impactos no grupo de família que recebem acima de 10 salários mínimos. As de menor poder aquisitivo estão comprando menos, afirmação presente em 57,2% dos entrevistados desta faixa de renda. As famílias de maior renda continuam mantendo o seu padrão de compra, quando comparado com o mesmo período no ano passado – indicando que possuem maior controle sobre o seu consumo, independente de variações na economia, com destaque para a inflação e a taxa de juros que afetam o preço diretamente e as condições de pagamentos.
O consumo teve uma retração com respeito ao semestre anterior, em destaque para os produtos duráveis
A pesquisa deixa perceptível, após os pontos destacados, que o consumo foi reduzido, com maiores cortes para as famílias de menor renda em fevereiro. E as mesmas veem o período como o pior momento para adquirirem bens duráveis, fato apontado por 80,6% das famílias com renda inferior a 10 salários mínimos. Os demais, que compõem o outro grupo, estão com a mesma percepção de compra, a de que agora não seria o momento de adquirirem produtos duráveis. Este fato está diretamente ligado aos altos juros que desaceleram a compra de bens duráveis, que são adquiridos pelos consumidores de menor renda com prazo mais ampliado.
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