4 de ago de 2017
[vc_row][vc_column][vc_column_text disable_pattern=”true” align=”left” margin_bottom=”0″]Quanto mais um produto viaja pelas estradas do país, mais caro fica o frete. A estimativa é que o caminho entre a indústria e as lojas no Brasil corresponda a 5% do preço das mercadorias. Pois, com o aumento do PIS/Cofins sobre combustíveis, como o diesel, o valor do frete deve subir 4% nos próximos meses, conforme estudo da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (ANTC). O reajuste deve elevar os custos dos empresários, que tendem a segurar pontualmente os preços a perder consumidores.
Um levantamento da entidade mostrou que 60% dos produtos são transportados por caminhões no país. Nas cidades, esse índice chega a 95%. Ainda de acordo com a ANTC, o combustível representa 40% do custo do frete. Por isso, segundo o assessor técnico da associação, Lauro Valdívia, o transportador deve repassar o custo das novas alíquotas às mercadorias. “O frete cai desde 2014. Não há como absorver mais este gasto”.
O economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, avalia que a alta do diesel deve refletir na receita dos empresários dos setores de comércio e serviços. “Em um cenário de reaquecimento gradual da economia, com as famílias voltando a consumir, qualquer custo adicional tornará mais tímido o crescimento da receita”, Para Almeida, há um efeito cascata inevitável neste tipo de decisão, pois quando o frete é reajustado, o preço dos produtos na gôndola ou nas araras tende a ser dividido, em algum momento, com o consumidor.
A medida foi tomada por decreto do Governo Federal, que elevou o PIS/Cofins sobre a gasolina, o etanol e o diesel. Embora tenha entrado em vigor no dia 21 de julho, a decisão foi suspensa por duas vezes – uma pelo juiz Renato Borelli, da 20ª Vara Federal do Distrito Federal; outra pelo juiz Ubiratan Cruz Rodrigues, da 1ª Vara Federal de Macaé. Finalmente autorizada pela Justiça, as novas alíquotas ajudarão a União a arrecadar R$ 10,4 bilhões até o final do ano, diminuindo o déficit de R$ 139 bilhões nas contas públicas. Ambas as contribuições não são repartidas com Estados e Municípios.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), após a primeira semana do decreto, o valor da gasolina subiu 8,22% no Brasil e 6,65% em Minas Gerais. No caso do etanol, esse reajuste chegou a 8,86% no país e 6,79% nos postos mineiros, enquanto o diesel teve acréscimo de 4,69% no Brasil e 5,26% no Estado. Por isso, os usuários de transporte – seja ele individual ou coletivo – também sentirão o impacto momentâneo dos novos preços.
Inflação sob controle
Embora os combustíveis causem um efeito cascata nos preços em geral, as novas alíquotas não devem provocar mudanças significativas na inflação, esperada em 3,4% para 2017, abaixo da meta de 4,5%. “O impacto da medida será pontual para o nível geral de preços dos produtos. Os indicadores oficiais, como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), estão abaixo do centro da meta inflacionária; e o peso da gasolina na cesta do IPCA é de 3,78%”, observa Almeida.
O economista ressalta que se o Banco Central (BC) estivesse preocupado com o impacto da gasolina na inflação, a instituição não teria reduzido a taxa básica de juros (Selic) em 1%. “Os demais produtos da cesta do IPCA apresentaram, até então, um desempenho favorável, puxado pela boa safra de alimentos. Além disso, a nova política de preços dos combustíveis no país coloca o mercado internacional como referência, o que aumenta a competitividade do setor e traz mais benefícios ao consumidor. O BC está confortável quanto ao nível da inflação atual e acredita que o reajuste não será suficiente para causar um descontrole no nível de preços”, conclui.
Conheça os aspectos legais do decreto que reajustou os preços de combustíveis no país