12 de abr de 2023
Ciranda do cartão de crédito alimenta 85,5% do endividamento de março
A Pesquisa sobre Endividamento e Inadimplência dos Consumidores de Belo Horizonte (PEIC), analisada pelo núcleo de Pesquisas e Inteligência da Fecomércio MG empregando os dados da Confederação Nacionaldo Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra tendência de estabilidade no endividamento que segue alto e comprometendo o orçamento familiar.
Endividados
O percentual de endividados em março oscilou 0,1 ponto acima sobre fevereiro chegando a 89,4% de consumidores. Há 10 meses seguidos, o nível de endividamento na capital se encontra acima de 84,9%, sendo que mais de 69,5% dos consumidores estão com dívidas em atraso há mais de 30 dias. O percentual dos que acumulam dívidas há mais de 90 dias é de 36,9% e os que estão inadimplentes no prazo entre 30 e 90 dias somam 32,6%. O dado sugere que as pessoas estão fazendo rodízio de contas de modo a não deixar uma conta vencida há mais de dois meses.
Família e dívida pessoal
Na comparação mensal, aqueles com as contas em atraso diminuíram, sendo 48,2% em março. Queda também no número de famílias que não terão condições de quitar as dívidas, 11,1%, redução de 0.2 p. p. em relação ao mês anterior. Um dado interessante da pesquisa é que, quando perguntado sobre o endividamento pessoal, do consumidor separado da família, os que dizem que não terão condições de quitar a dívida sobe para 23%, ou seja, a família está arcando com dívidas de seus membros.
O endividamento é um indicador que mostra o quanto os consumidores estão assumindo compromissos financeiros como financiamento de imóveis, carros, empréstimos e cartão de crédito. Já o índice de inadimplência retrata o percentual de consumidores que possuem dívidas e não terão condições de cumpri-las.
Percepção de endividamento
Ainda que quase 90% dos consumidores e suas famílias estejam com a renda comprometida com as dívidas como cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal e prestações de carro, 41,7% se consideram pouco endividados.
Cartão de Crédito
O cartão de crédito, que muitas vezes tem sido utilizado para fazer as compras do mês, foi o principal fator de endividamento em fevereiro para 85,5% dos consumidores e suas famílias. Entre as famílias da cidade, 48,2% possuem algum compromisso financeiro em atraso. O índice é maior em famílias com renda igual ou inferior a dez salários-mínimos (56,3%).
Dívidas levam quase 30% do orçamento mensal
O tempo médio de atraso das dívidas é de 57,4 dias. O tempo médio de comprometimento de renda é de 5,8 meses. Em média, as dívidas comprometem 29,2% do orçamento do mês e abarcam mais de 10% da renda familiar em 73,0% dos casos, sendo que para 20,5% dos entrevistados, as dívidas comprometem mais de 50% do orçamento mensal.
O comprometimento com dívidas acima de 50% do orçamento é considerado situação de superendividamento. As dívidas mensais se referem a gastos com cheque pré-datado, cartões de crédito, fiados, carnês de lojas, empréstimo pessoal, compra de imóvel e prestação de carro e seguro.
Olhar Econômico
Os níveis de endividamento vêm se mantendo estáveis desde novembro do ano passado, quando houve um aumento de 2,6% em relação ao mês imediatamente anterior. No final do ano, as famílias buscam o uso do crédito para realizarem compras voltadas para o período. No entanto, com o início do ano, ocorre um aumento comprometimento da renda familiar com o pagamento de despesas sazonais como impostos, o que mantém a busca do crédito para suprir a demanda por diversos bens.
Com o aumento da taxa de juros, e o nível de endividamento ainda elevado, a inadimplência mantém-se em um patamar bastante alto. Apesar dos altos índices e do cenário de encarecimento das dívidas devido aos juros, o mês de março apresentou uma retração no nível de inadimplência em relação ao mês anterior. Essa redução pode estar atrelada principalmente aos repasses de renda feitas pelo Governo Federal, o que eleva a capacidade de pagamento e de compras das famílias de menor renda.
A maior disponibilidade de renda e um mercado de trabalho aquecido permitem que as famílias possam, inicialmente, ter condições de pagar suas dívidas em atraso e, posteriormente, quitar todos os seus compromissos pendentes. Dessa forma, desde agosto de 2022, o número de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas vem diminuindo em BH, atingindo na última avaliação o menor patamar desde março de 2020 (11,3%).
A elevação dos juros prejudica também as famílias que possuem dívidas em atraso por um maior período. Os juros elevados encarecem ainda mais as dívidas, inviabilizando o pagamento dos compromissos pendentes a um tempo superior. Hoje, as dívidas estão em atraso há 57,4 dias, sendo que esse período é superior para as famílias com renda de até dez salários-mínimos (58,6%).
Por Gabriela Martins, economista do Núcleo de Estudos Econômicos da Fecomércio MG
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