10 de jul de 2023
Desafios para a Economia Brasileira – por Stefan D’Amato, economista-chefe da Fecomércio MG
Com votação acirrada e expectativa do mercado atingida, gerando uma queda de 0,5 p.p. na taxa básica de juros da economia brasileira. Apesar da redução, a taxa permanece em um patamar elevado, exercendo uma influência significativa sobre toda a estrutura produtiva. Essa redução pode não ser suficiente para estimular os empréstimos e financiamentos, o que acaba gerando altos custos de crédito para famílias e empresas.
Consequentemente, o consumo das famílias é desestimulado, tornando mais oneroso o financiamento de bens duráveis e outras despesas, o que impacta negativamente o setor de comércio, gerando uma diminuição na demanda por produtos e serviços. Além disso, a manutenção de juros reais elevados dificulta o acesso das empresas a recursos para investimentos produtivos. Isso leva à inviabilização do financiamento de projetos de expansão, modernização de equipamentos, pesquisa e desenvolvimento, o que prejudica o crescimento econômico e a criação de empregos.
Apesar de ser uma decisão complexa, o Banco Central precisa considerar diversos indicadores econômicos, destacando principalmente ao nível de endividamento das famílias e das empresas. Para compensar os efeitos da taxa de juros elevada, o governo deve buscar mecanismos para incentivar o investimento produtivo, visando impulsionar o crescimento econômico de forma sustentável.
Em comparação com países de referência, como os EUA e a Europa, a inflação brasileira encontra-se em níveis mais baixos, o que abre espaço para uma possível queda significativa da taxa Selic. Essa medida pode impactar positivamente a expectativa do mercado e contribuir para a estabilização dos gastos do governo.
A Fecomércio MG acredita que é preciso que o governo promova um ambiente econômico favorável ao desenvolvimento do comércio, serviços e investimentos produtivos, é fundamental que o Banco Central conduza a política monetária de forma eficiente e que o governo implemente políticas fiscais responsáveis. A harmonia entre políticas é essencial para garantir um crescimento econômico sustentável e o bem-estar da sociedade. Medidas como a reforma tributária e outras micro reformas são cruciais para aumentar a produtividade e fortalecer a economia. Além disso, o apoio governamental às empresas, especialmente durante momentos de crise, é essencial para ajudá-las a superar desafios financeiros e contribuir para a recuperação econômica.
A estrutura de comércio e serviços se encontram deteriorados desde a crise da COVID-19, com empresas enfrentando dificuldades para quitarem suas dívidas, especialmente aquelas que recorreram ao Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (PRONAMPE). Mesmo com a retomada gradual da economia, essas empresas ainda estão endividadas devido ao impacto da taxa de juros em suas obrigações financeiras. Nesse cenário, é crucial que o governo busque soluções para auxiliar essas empresas a se reorganizarem, já que o consumo ainda não é suficiente para alcançar o pleno equilíbrio econômico.