10 de abr de 2019
Os preços de itens básicos na mesa do consumidor e os combustíveis foram determinantes para que a inflação de março expandisse 0,75%. O indicador, medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi o mais alto para o período desde 2015. Em março passado, a taxa fechou em 0,09%. O IPCA deste mês também superou o registrado em fevereiro, que atingiu 0,43%.
Os dados foram divulgados nesta manhã (10/04) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o órgão, a inflação oficial acumula um avanço de 1,51% em 2019, o maior resultado para um primeiro trimestre desde 2016 (2,62%). Já a soma dos últimos 12 meses chegou a 4,58%, o percentual mais alto desde fevereiro de 2017 (4,76%).
O economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, observa que a inflação de março foi fortemente influenciada pelos grupos de maior peso no orçamento familiar: a alimentação/bebidas e os transportes. As duas categorias se destacam em relação às demais, como habitação, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, vestuário, comunicação, artigos de residência e educação.
Os alimentos para consumo domiciliar – comprados em supermercados, padarias, açougues e sacolões – subiram 2,07% no período. O tomate (31,84%), a batata-inglesa (21,11%), o feijão-carioca (12,93%) e as frutas (4,26%) foram os itens que mais impactaram esse grupo. Já no quesito transportes, a alta da gasolina (2,88%) e do etanol (7,02%) fez a inflação do subgrupo combustíveis expandir 3,49%.
Segundo Almeida, o resultado não preocupa por enquanto, apesar de o acumulado em 12 meses atingir um patamar acima do centro da meta para 2019, fixado em 4,25%. “Temos um processo muito lento de retomada da economia, com produção e consumo apresentando indicadores ainda aquém do esperado. Isso tende a exercer uma menor pressão sobre os níveis de preços”, ressalta.
O economista, no entanto, alerta para as consequências de uma inflação próxima dos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). “Caso a taxa continue rondando – e superando – o centro da meta, ela poderá arrefecer a expectativa de cortes adicionais na Selic para este ano, o que poderia prejudicar a expansão da atividade econômica”, avalia.
Expansão mais suave em RMBH
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o IPCA ficou em 0,29%. O resultado terminou o mês de março 0,22 pontos percentuais (p.p.) abaixo do mês anterior (0,51%). No acumulado em 12 meses, a inflação oficial na RMBH somou 4,61%, 6 p.p. superior àquela observada em fevereiro.
A queda de 5,89% no item de energia elétrica, motivada especialmente pela redução na alíquota do PIS/Cofins, contribuiu para o recuo do indicador na região. Esse item também colaborou para que a categoria habitação (com peso de 16,5% no orçamento familiar) apresentasse deflação de 1,25% em março. Outras deflações foram observadas nos grupos de comunicação (-0,28%) e educação (-0,08%), com menor peso no IPCA.
Foto: Agência Brasil