Nível de endividamento e inadimplência desaceleram na capital mineira

9 de maio de 2024

A pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da capital mineira mostra que o nível de endividamento e inadimplência do consumidor vem desacelerando com o passar do tempo, enquanto o número de consumidores incapazes de honrar suas contas está aumentando ao longo dos meses. Ao analisar a renda mensal do consumidor e de sua família (que residem na mesma casa), observa-se uma discrepância entre os diferentes extratos sociais. Enquanto aqueles com renda de até 10 salários-mínimos (S.M.) enfrentam uma situação mais delicada, os de rendas mais elevadas, acima de 10 S.M., encontram-se em uma condição menos desfavorável, como revelado pela pesquisa conduzida pelo Núcleo de Estudos Econômicos da Fecomércio MG, com dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Para Gilson Machado, economista da Fecomércio MG, a PEIC continua fornecendo um cenário de alerta. Por um lado, os consumidores estão indo para o mercado e consumindo, movimentando os setores de comércio e serviço, por outro temo um nível de inadimplência alto, e ao passo que ocorre elevação da parcela que não tem condições de pagar as dívidas, torna um ambiente mais delicado, pois o não pagamento leva a inadimplência, e essa faz com que os consumidores reprimam o consumo de bens tidos como não essencial, o que é ruim para o mercado.

Endividamento

O nível de endividamento do consumidor em Belo Horizonte atingiu 89,1% em abril, indicando que os consumidores continuam altamente endividados, embora a proporção tenha diminuído ao longo dos meses. O endividamento do consumidor na capital mineira desacelerou em 0,6 ponto percentual (p.p.) em relação a março (89,7%) do ano corrente e registrou uma queda de 1,6 p.p. em relação a abril de 2023. Esse é o menor percentual de endividados desde janeiro de 2023, quando o nível de endividamento era de 88,5%.

“Os consumidores estão com um nível de comprometimento de renda elevado, e essa transferência de recursos é positiva para o mercado, pois faz com que a economia circule e todos ganham. O ponto mais delicado desse alto nível de endividamento é que, se os consumidores não tiverem educação financeira, a chance de acarretar inadimplência se torna uma situação difícil para o consumidor”. Aponta Gilson Machado.

Ao considerar a renda, 9 em cada 10 consumidores com renda familiar de até 10 S.M. estão endividados (90,20%), uma proporção que caiu em relação a março, quando estava em 90,90%. Já entre os consumidores com renda acima de 10 S.M., 8 em cada 10 estão endividados, evidenciando a diferença entre os extratos sociais, apesar de a proporção de endividamento ser elevada para ambos os grupos.

No mês de abril, os principais tipos de dívidas dos consumidores belo-horizontinos foram:

  • Cartão de crédito (92,3%);
  • Carnês (25,7%);
  • Financiamento de carro (12,2%);
  • Cheque especial (8,9%);
  • Financiamento de casa (5,9%);

Inadimplência

O nível de contas em atraso dos belo-horizontinos revela que quase metade dos consumidores (49,6%) enfrentam problemas para pagar suas contas em dia. A proporção de abril é 0,7 p.p. menos intensa em relação a março, quando foi de 50,3%. Esse é o menor nível de inadimplência desde setembro do ano passado, quando a capital mineira registrou seu maior número de consumidores inadimplentes, atingindo 55,3%.

Ao analisar a inadimplência por renda, observa-se uma desaceleração das contas em atraso em comparação com o mês anterior. Os consumidores com renda superior a 10 S.M. têm uma menor proporção de inadimplentes em abril, 32,8%, enquanto os com renda de até 10 S.M. registram uma inadimplência de 52,5%, uma diferença de 17,7 pontos percentuais entre os extratos sociais.

Condição de pagamento da dívida

Os consumidores da capital mineira continuam enfrentando dificuldades para pagar suas contas, como indicado pela PEIC de abril, que identificou que 14,8% dos consumidores não terão condições de quitar suas dívidas. Esse volume teve um crescimento de 1,6 p.p. em relação a março do ano corrente e um aumento de 3,9 p.p. em comparação a abril do ano passado. O mês de abril registra o maior percentual de consumidores incapazes de quitar suas dívidas desde agosto de 2022, quando a proporção era de 16,1%.

Ao analisar a renda do consumidor, observa-se que tanto os consumidores com renda de até 10 S.M. quanto os com renda acima de 10 S.M. enfrentam dificuldades para quitar suas dívidas, com essa proporção sendo mais elevada tanto na comparação mensal quanto na anual. Em abril, 16,6% dos consumidores com renda mais baixa afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas, enquanto apenas 5,7% dos que possuem rendas mais elevadas registraram incapacidade de quitação.

“É essencial que os consumidores façam um planejamento financeiro para manter a saúde financeira e consumir de forma mais consciente. Não é deixar de consumir, mas ter consciência na hora de comprar e sempre ter de forma clara sua capacidade de pagamento, para que assim, possa honrar suas obrigações existentes e realizar seu consumo sem o risco de ser surpreendido na hora de fechar as contas do mês”. Destaca Gilson Machado.

Tempo de contas em atraso

O tempo médio de contas em atraso atingiu quase 2 meses em abril, com uma média de 58,2 dias. Isso indica que os consumidores estão enfrentando problemas para cumprir seus compromissos e que os dias de atraso estão aumentando. Em relação a março, o tempo aumentou em quase 2 dias. O tempo médio de contas em atraso está aumentando tanto para os consumidores com renda familiar mais elevada quanto para os de menor renda, com uma diferença de até 16 dias entre esses extratos. Em abril, os consumidores com renda familiar superior a 10 S.M. registraram uma média de 44,4 dias de atraso, enquanto aqueles com renda inferior registraram uma média de 60,4 dias.

Tempo e Comprometimento de renda

O comprometimento da renda com dívidas dos consumidores atingiu 29,7% em abril, o mesmo patamar de março. Esse comprometimento aumentou 1,1 p.p. em relação a abril do ano passado. Em relação ao tempo de comprometimento da renda, a média foi de 7,5 meses, ligeiramente superior a março, mas quase 2 meses a mais do que em abril de 2023, quando a média era de 5,7 meses.

O comprometimento da renda para os consumidores com renda familiar de até 10 S.M. foi de 30,0%, ligeiramente inferior a março (30,1%), mas 1,2 p.p. mais alto do que o mesmo período do ano passado, quando representava 28,8% da renda. A parcela dos consumidores com renda superior a 10 S.M. registrou um comprometimento de 27,9% em abril, um aumento de 0,4 p.p. em relação ao mês anterior e de 0,9 p.p. em relação a abril de 2023. O tempo médio de comprometimento da renda foi de 7,3 meses, refletindo um leve aumento em relação a março, mas um aumento de 1,1 mês em relação a abril de 2023, quando a média era de 5,5 meses.

Acesse a pesquisa completa:

Sobre a Fecomércio MG

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais integra o Sistema Fecomércio MG, Sesc e Senac em Minas e Sindicatos Empresariais que tem como presidente o empresário Nadim Donato. A Fecomércio MG é a maior representante do setor terciário no estado, atuando em prol de mais de 740 mil empresas mineiras. Em conjunto com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), presidida por José Roberto Tadros, a Fecomércio MG atua junto às esferas pública e privada para defender os interesses do setor de Bens, Serviços e Turismo a fim de requisitar melhores condições tributárias, celebrar convenções coletivas de trabalho, disponibilizar benefícios visando o desenvolvimento do comércio no estado e muito mais.

Há 85 anos, fortalecendo e defendendo o setor, beneficiando e transformando a vida dos cidadãos.

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