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13 de abr de 2020
* Maria Luiza Maia Oliveira, presidente interina da Fecomércio MG
O setor de comércio, serviços e turismo está com suas atividades paralisadas como nunca antes se viu. Em virtude das medidas de prevenção adotadas para o combate ao novo coronavírus (Covid-2019), inúmeras empresas aguardam, sem previsão de retorno, a retomada de suas operações. Mas, enquanto isso, acumulam perdas de faturamento e dívidas, que tendem a comprometer sua sobrevivência. A situação também afeta as relações de trabalho, levantando dúvidas dos empregados em relação à continuidade de seus empregos.
O cenário econômico decorrente dessa pandemia, por si só, sinaliza que reflexos sociais preocupantes virão. Alguns, já se mostram reais. Resultados preliminares de um levantamento da Fecomércio MG demonstram uma enorme queda nas vendas e no fluxo de clientes no comércio mineiro. Se nos setores atacadista e varejista os impactos negativos causados pelo Covid-19 superam 80%, no setor de serviços eles se beiram a 90%.
A análise prévia revela que mais de 60% do setor terá que parar suas atividades por conta da pandemia e das restrições adotadas pelas três esferas de poder. Segundo os empresários mineiros, muitos são impactos negativos sentidos pelo comércio de bens, serviços e turismo, como a redução do fluxo de clientes, as restrições ao funcionamento, o aumento no preço dos fornecedores e a falta de produtos para estoque. Em virtude disso, a queda no volume de vendas/serviços prestados superou 50% para pouco mais da metade dos entrevistados.
Os números apurados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) endossam essa preocupação. De acordo com a entidade, representante máxima do setor no país, os estabelecimentos comerciais de Minas Gerais, que deverão permanecer fechados entre os dias 23 de março e 10 de abril, devem perder mais de R$ 4,45 bilhões (-27,3%) em faturamento.
Já as perdas diretas impostas ao comércio pela pandemia devem atingir a R$ 25,3 bilhões na segunda metade de março de 2020, segundo a CNC. Os dados levam em conta só São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal, responsáveis pelo maior volume de vendas do país (com faturamento anual de 52%). Nesse cálculo, não estão contabilizadas as perdas indiretas decorrentes da queda espontânea da circulação de consumidores.
Diante da grave situação, a Fecomércio MG, em conjunto com a CNC, tem atuado intensamente em articulação com os governos federal e estadual na busca por soluções econômicas, tributárias, trabalhistas e linhas de créditos que possam atenuar os impactos financeiros já absorvidos pela iniciativa privada. No mesmo sentido, a Federação tem dialogado com outras entidades empresariais para buscar, de forma organizada, meios para retomar a economia, minimizar os efeitos em toda a cadeia produtiva e inibir a disseminação do Covid-2019.
A preocupação da entidade foi expressa em um ofício encaminhado ao Comitê Extraordinário Covid-19, do governo estadual, no qual solicita-se a padronização das ações de suspensão de determinados segmentos de comércio e de serviços, a fim de garantir mais segurança jurídica aos empresários. Afinal, o setor terciário emprega, sozinho, mais da metade dos trabalhadores formais de Minas Gerais.
Nós, que trabalhamos com o comércio (e para o comércio), sabemos que o empresário quer agilidade das autoridades públicas, além de uma programação estrutural adequada para que a suspensão das atividades comerciais não prossiga por tempo indeterminado. Pois, neste caso, estaríamos condenados a uma convulsão econômica e social com perdas incalculáveis para a sociedade.
* Artigo publicado no jornal O Tempo