3 de set de 2020
* Kelly Figueiredo – Assessora política e administrativa da Presidência da Fecomércio MG
Comparada às crises anteriores, a atual se mostra ainda mais complexa e imprevisível. Por ter como origem à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), ela nos revela uma face pouco conhecida, que amedronta pela fragilidade da nossa saúde pública e a facilidade de contágio da doença. Assim, sobrecarrega não só os hospitais, devido à incerteza de seus efeitos, mas também a economia. A cada dia de atividades suspensas, vivemos a angústia de não termos recursos para pagar as contas, de nossos negócios morrerem e de que a situação possa se agravar.
Após um longo período de inatividade, vários segmentos de comércio, serviços e turismo começam a retomar suas rotinas. No entanto, nem tudo parece voltar ao que era antes. Diante de novos hábitos do consumidor, os empresários precisam estar abertos à mudança e aprender com o ‘novo normal’. Mas, será esse o termo apropriado para definir o presente e o futuro pós-pandemia? Dito assim, pode nos fazer pensar em algo desolador, devido à necessidade de protegermos a si e aos nossos entes queridos. No entanto, a expressão traz algo mais desafiador.
A pandemia não mudou o comportamento do consumidor, ela apenas intensificou o processo de transformação digital. Não por acaso, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil possui, em média, dois dispositivos digitais por habitante, sendo metade smartphones. Essa mudança de hábitos não se restringe ao uso doméstico. De acordo com a FGV, os investimentos corporativos em tecnologia da informação (TI) já atingiram 8% da receita das empresas no Brasil.
Diante dessa realidade, precisamos nos decidir. Podemos enfrentar o ‘novo normal’ de forma negativa, conformados com a situação, ou podemos nos adaptar às mudanças. Afinal, quando desenvolvemos a capacidade de nos reinventarmos somos capazes não apenas de aceitar as transformações, mas também de aprender com o novo. Assim, enxergamos seus pontos positivos e as oportunidades.
As empresas precisam pensar qual é o perfil do consumidor do futuro. Com mais possibilidades de acesso à informação, o nível de exigência daquele que adquire produtos e serviços aumenta a cada dia, fazendo com que as marcas tenham que investir mais em qualidade e em um atendimento personalizado. Por isso, não importa o porte da sua empresa. É fundamental inovar para que você possa chegar até o seu objetivo: a satisfação do seu cliente.
Desenvolver estratégias para as redes sociais e vendas por comércio eletrônico (e-commerce) são iniciativas essenciais para compensar a perda de faturamento com o comércio in-loco. Não à toa, o resgate do sell-out, ou seja, das vendas físicas e diretas ao cliente final no ponto de venda, continua sendo o grande desafio desse momento de pandemia. Para se adaptar ao momento, várias entidades, a exemplo da Fecomércio MG, propõem treinamentos on-line e lives gratuitas para apoiar os empresários nesse processo de transformação digital.
Esse conhecimento será indispensável para quem atua no setor terciário. Com o cliente menos tempo na loja, em função dos cuidados adquiridos com a pandemia, o empresário deverá entender ainda mais o comportamento de quem realiza a compra, o shopper. Mas, para isso, precisará da tecnologia. Só ela permitirá que decisões mais objetivas sejam tomadas, com base em dados de consumo e numa comunicação mais assertiva. Assim, poderemos agarrar as oportunidades com a coragem e o empenho que o ‘novo normal’ exige de cada um de nós.
*Artigo publicado no Diário do Comércio