22 de dez de 2015
A agência de classificação de risco Fitch Ratings retirou, neste mês, o grau de investimento do Brasil. Com nota reduzida de BBB- para BB+, o rating brasileiro passou para a categoria especulativa. Essa é a segunda agência a retirar o selo de bom pagador do país, o que confirma o cenário recessivo para a economia em um ano conturbado.
Em tese, as constantes incertezas políticas que retiram do governo a autonomia e a capacidade de implementação de medidas fiscais, bem como o cenário fiscal deteriorado, foram as justificativas da Fitch. Segundo o economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, a recessão econômica não está diminuindo e não tem previsão para cessar. “Os números de consumo e investimento continuam mostrando recuo e, na avaliação da agência, a capacidade de o país sair desse cenário está contaminada pelo embate político, que instaura um clima de incertezas e baixa a confiança entre os agentes”, destaca.
Colocada em perspectiva negativa, isto é, ainda podendo ser novamente rebaixada, a nota da dívida de longo prazo caiu para o primeiro patamar especulativo, segundo ranking da agência. A chance de um novo rebaixamento decorre das sucessivas mudanças na meta de superávit primário, que acabam retirando a credibilidade da política fiscal adotada, além das já deterioradas expectativas para 2016. De acordo com a agência, é esperado que no próximo ano o Produto Interno Bruto (PIB) apresente retração de 2,5%. No relatório também constam estimativas acerca do déficit do governo, que deve se manter acima de 7% do PIB em 2016 e 2017.
Uma classificação como essa funciona como um selo de qualidade que as agências dão aos países ou empresas que consideram com baixo risco de calotes a investidores. A perda do grau de investimento do Brasil pela segunda agência tem efeitos sobre a cotação do dólar, a dívida do país e o financiamento das empresas, além e da já esperada “fuga” de capital estrangeiro. Os fundos de pensão internacionais possuem, em seus regulamentos, cláusulas que determinam que, para investir em uma economia, é necessário que o país/empresa tenha pelo menos duas agências internacionais classificando-o com grau de investimento, o que já não é mais o caso brasileiro. “O efeito em cascata que isso irá gerar pode ser um complicador para a economia brasileira e, em suma, poderemos ter mais desemprego, encarecimento de produtos importados e um impacto na já elevada inflação”, afirma Almeida.
O Brasil ainda possui selo de investimento pela Moody’s, porém a nota se encontra em perspectiva negativa, podendo ser rebaixada em curto prazo.