19 de jul de 2017
A melhora de 4,5% na receita do varejo ampliado, em comparação ao mesmo mês do ano passado, teve impacto nas perspectivas para o comércio. A evolução apresentada pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de maio motivou uma revisão de 1,2% para 1,6% na projeção de crescimento nas vendas do varejo para 2017. A reanálise foi feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com base nos números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta no varejo ampliado – que reúne os segmentos de materiais de construção e veículos e peças – foi a maior desde março de 2015, quando houve um acréscimo de 5% na receita. Em maio, oito dos dez segmentos pesquisados colaboraram para a expansão apurada pelo IBGE. Entre os destaques estão os ramos de móveis e eletrodomésticos (13,8%), materiais de construção (9,3%), equipamentos de informática e comunicação (8,8%) e vestuário e calçados (5%). Combustíveis e lubrificantes (-0,9%) e livrarias e papelarias (-1%) registraram retração.
O economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, credita três fatores como determinantes para a revisão da expectativa de crescimento do varejo: o impacto positivo dos saques das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o desempenho recente do volume vendido pelo setor e a recuperação parcial das condições de crédito.
Um estudo realizado pela CNC apontou que 43% dos R$ 16,6 bilhões sacados das contas inativas entre março e abril impactaram o varejo. O montante de R$ 7,2 bilhões representa 6,2% das vendas do comércio varejista nos dois meses pesquisados. “O FGTS impactou a economia ao alimentar, mesmo que temporariamente, a demanda familiar por bens e serviços”, ressalta Almeida.
O aumento dos preços de bens de consumo duráveis e semiduráveis inferior à média geral também contribuiu para a revisão, ao melhorar o desempenho recente das vendas. Enquanto o Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo variou 3,6%, os produtos semiduráveis acumularam alta de 2,7% em 12 meses até maio e os duráveis apresentaram deflação de 1,4%.
Almeida ainda lembra que, de acordo com o Banco Central, houve um avanço de 3,7% na concessão de crédito ao consumidor na série com ajuste sazonal – ou seja, naquela feita em função da mudança de estação – e de 11,6% na série anual. “Juntos, esses fatores contribuíram para a revisão das expectativas de melhoria das vendas em 0,4 pontos percentuais”, reforça o economista.