29 de mar de 2019
Todos os dias, milhares de turistas estrangeiros solicitam visto para viajar pelo mundo. Por tradição, o Brasil adota uma política de concessão desse documento com base na reciprocidade. Isso significa que as nações que pedem vistos aos brasileiros também precisarão deles caso seus cidadãos entrarem em nosso país. No entanto, desde 18 de março, nativos dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão estão dispensados desse documento para entrar em território brasileiro.
Emitido pelo governo federal, o decreto entra em vigor em 17 de junho como o objetivo de fortalecer o setor turístico brasileiro. A medida é válida para fins de turismo, negócios, atividades artísticas ou desportivas e pode ser usada em situações excepcionais. De acordo com um estudo elaborado pelo site de viagens Kayak, após a medida, a busca pelo Brasil, na internet, cresceu entre australianos (36%), norte-americanos (31%), canadenses (19%) e japoneses (4%).
Para a analista de turismo da Fecomércio MG, Milena Soares, as perspectivas são otimistas quanto ao aumento de recursos provenientes da medida. “A isenção de vistos deve facilitar, principalmente, a entrada de turistas que decidam viajar de última hora e/ou aproveitar alguma condição especial”, pondera.
De acordo com a Embratur (Instituto Brasileiro do Turismo), estão sendo adotadas ações digitais, de relações públicas e de publicidade para divulgação da dispensa de visto para os países beneficiados pela medida. “No entanto, é imprescindível que os empresários compreendam o comportamento do turista e invistam em capacitação para melhorar o atendimento e impressionar de forma positiva os novos clientes”, orienta Milena.
As novas regras valem para estrangeiros que queiram permanecer em território brasileiro por até 90 dias, prorrogáveis pelo mesmo período. No entanto, eles não podem ultrapassar 180 dias a cada 12 meses.
Impactos na economia
O economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, avalia que a medida tende a aumentar o fluxo de turistas no país, intensificando o volume de negócios em diversos setores, como o comércio e os serviços de alojamento, alimentação e transportes. “O impacto nas relações políticas é outro ponto importante, pois o decreto torna o país mais ‘aberto’ ao mundo e demostra o interesse brasileiro em estreitar o relacionamento econômico com os pares internacionais”, pondera.
No ano passado, o país recebeu 6.621.376 visitantes internacionais. Desse montante, 11% vieram dos Estados Unidos, Japão, Canadá e Austrália. Por isso, a estimativa do Ministério do Turismo é que a dispensa do documento para ingresso de turistas aumente ainda mais a presença desses viajantes ao Brasil.
A liberação dos vistos é apenas uma das iniciativas recentes do governo para intensificar a movimentação turística. Em 2018, a adoção do visto eletrônico já havia beneficiado os cidadãos australianos, americanos, canadenses e japoneses. Segundo o Ministério do Turismo, o crescimento de 15,7% na entrada desses estrangeiros em território nacional resultou, desde a implementação da medida, na injeção de R$ 450 milhões na economia do país.
CNC defende fim do visto
Atenta aos prováveis ganhos econômicos decorrentes da medida, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) reforçou a defesa pelo fim da obrigatoriedade dos vistos para a entrada de estrangeiros em outros países. De acordo com a entidade, os “benefícios são claros”. Nos países que aboliram a exigência desse documento, o fluxo de turistas aumentou em até 25%.
A CNC ressalta ainda que a flexibilização dos vistos era uma das propostas de destaque no documento entregue pela entidade aos candidatos à presidência da República em 2018. A confederação considera a medida fundamental para que o turismo brasileiro se consolide como uma fonte de riquezas no país.