12 de jul de 2018
Negociado há 18 anos, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia terá ao fim, no dia 13 de julho, mais um capítulo. Os líderes dos dois blocos econômicos se reúnem em Bruxelas, capital da Bélgica, para negociar um possível tratado de livre comércio, benéfico para o Brasil, assim como para Minas Gerais. De janeiro a maio deste ano, as exportações do Estado para o bloco europeu movimentaram US$ 2.242 milhões, enquanto US$ 613,5 milhões foram importados, segundo o Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
A rodada de conversas reúne os chefes negociadores e especialistas dos dois blocos. As partes buscam consenso em pontos técnicos, como os acordos com o setor automotivo e de peças de automação, o segmento de produtos lácteos, além de definições sobre o transporte marítimo de cargas. As tratativas avançam em ritmo mais intenso, justamente no momento em que os Estados Unidos impuseram novas tarifas às importações de aço e do alumínio.
Dois lados do acordo
Dentre os pontos mais controversos para a celebração da parceria está a abertura do mercado europeu para o agronegócio brasileiro, situação que beneficiaria as exportações mineiras. “Os produtores da União Europeia temem que a entrada de produtos do agronegócio brasileiro a preços mais competitivos prejudique os negócios em âmbito local”, ressalta o especialista em Comércio Exterior da GS Educacional, Henrique Mascarenhas.
Por outro lado, a abertura do mercado nacional para produtos da União Europeia também preocupa a indústria brasileira, que perderá espaço para a produção do bloco europeu. Para as empresas importadoras, especialmente do comércio, o acordo pode possibilitar a chance de se adquirir produtos vindos do Velho Continente pagando uma alíquota diferenciada para o imposto de importação. A medida reduziria os custos e o preço final para o consumidor.
Fim do comércio com a China?
O tratado de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, no entanto, não deve diminuir a importância da China nos negócios internacionais com o Brasil, especialmente com Minas Gerais. “A China deve se consolidar como a maior economia do mundo. Ela é um mercado fundamental para o nosso minério de ferro e os produtos do agronegócio. Por isso, o acordo com a União Europeia será mais uma alternativa para aumentar o volume das exportações do país, e não substituir um mercado pelo outro”, analisa Mascarenhas.
Desafios à vista
Uma parceria entre os dois blocos ajudaria a elevar a participação do Brasil nos negócios internacionais, hoje em 1,25%, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas, para explorar o grande potencial de crescimento do país, Mascarenhas lembra que o governo precisa melhorar a infraestrutura logística brasileira, responsável pelo alto custo dos produtos negociados com outros países. Embora, lembra o especialista, muitas ações têm sido feitas para desburocratizar o comércio exterior, facilitar o despacho aduaneiro e reduzir prazos.
“O setor privado também tem responsabilidade de alavancar o comércio exterior do país. Se as empresas que administram portos continuarem a cobrar taxas muito altas para despesas de armazenagem e movimentação da carga, esse custo adicional no momento de exportar e importar continuará gerando um impacto negativo no valor dos produtos”, finaliza Mascarenhas.