14 de out de 2019
A proximidade geográfica dos países sul-americanos e as negociações com blocos econômicos europeus foram os principais assuntos abordados durante a 2ª Conferência de Comércio Internacional e Serviços do Mercosul (CI19), no dia 11 de outubro (sexta-feira). O evento, realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio de Janeiro, contou com a participação da presidente interina da Fecomércio MG, Maria Luiza Maia Oliveira, diretores e colaboradores da entidade.
Sob a moderação da jornalista Juliana Rosa, o primeiro painel da CI19 abordou a conjuntura internacional do Mercosul como fator de desenvolvimento e integração comercial. Para a cônsul-geral da Bolívia, Shirley Orozco Ramirez, a localização geográfica permite uma integração plena da região. “A Bolívia é um dos países que tiveram maior crescimento sustentável nos últimos anos, com mais de US$ 2 bilhões em exportações com o Mercosul. O que nos atrapalha são os entraves burocráticos, que atrasam o avanço do comércio entre os países”, pontuou.
Eliminação de barreiras
Ciente da necessidade da eliminação de barreiras comerciais, o embaixador do Uruguai no Brasil, Gustavo Vanerio, destacou que com o advento das tecnologias da informação não há motivos para atrasos nos procedimentos de importação. “O setor de comércio e serviços está subestimado, embora seja importante porque consolida o restante do setor produtivo no Mercosul. Por isso, quanto mais eficiente a logística e o transporte, mais eficiente será o setor produtivo.”
Coordenador nacional do Grupo Mercado Comum, o embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva citou a finalização da segunda ponte em Foz do Iguaçu como uma alternativa de corredor direto de comércio na região. “Em 2019, foi concluída negociação com a Argentina sobre o acordo automotivo de facilitação de comércio. Não faz sentido nos adequarmos para fazer acordos com a UE, Canadá, Coreia do Sul, sem facilitarmos as regras entre os membros do nosso bloco”, reforçou Costa e Silva, também secretário de Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas.
Novos acordos
Apesar da busca pela intensificação do comércio intrabloco, as negociações com a União Europeia (UE) e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) também estiveram na pauta da CI19. Segundo Costa e Silva, com esses prováveis acordos, o Mercosul teria condições de competir em igualdade com os demais blocos econômicos. “Os países do Mercosul sempre estiveram atrás em comparação com outros fornecedores desses mercados”, explicou o embaixador durante o painel “Negociação Brasileira no Mercosul”, o segundo da conferência.
De acordo com o secretário adjunto de Negociações Internacionais da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, João Luís Rossi, as negociações comerciais devem ajudar na abertura econômica do Brasil. “Temos uma economia fechada, que perdeu muita competitividade nos últimos anos e precisa se abrir para trazer de volta a capacidade de competir no mercado internacional”. Ele estima que o acordo Mercosul-UE entre em vigor em cerca de três anos.
Benefícios ao Brasil
Atualmente, a participação do comércio exterior no Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil (13% de exportação e 12% de importação) é considerada pequena perto de países como Canadá e Coreia do Sul, que já ultrapassaram a barreira dos 25%. “Existem exemplos no mundo todo de países que conseguiram atingir patamares elevados porque se abriram aos negócios internacionais, aumentando a produtividade e competitividade”, ressaltou Rossi.
Os acordos vão permitir, entre outros pontos, o acesso preferencial para os exportadores brasileiros a mercados prioritários e a equalização das condições de concorrência com outros países que já possuem acordos de livre comércio. Além disso, espera-se que os consumidores tenham acesso a uma maior variedade de produtos, com qualidade e redução de preços, estimulados pela concorrência.
No painel de encerramento, os presidentes que integram o Conselho de Câmaras de Comércio do Mercosul (CCCM) – organização que reúne as entidades de comércio e serviços dos países membros do Mercosul e países associados (Bolívia e Chile) – assinaram uma carta que será enviada ao ministro da Economia, Paulo Guedes. No documento, eles solicitam “que se mantenham os esforços na conclusão das negociações comerciais em curso, a fim de que possa acelerar o processo de integração e internacionalização do bloco”.
* Com informações da CNC