13 de dez de 2018
*Juliana Peixoto, analista de negócios internacionais da Fecomércio MG
O fomento à inovação é fundamental em qualquer modelo de negócio e para empresas de todos os portes. No caso dos setores de comércio e serviços, que passam por um processo de profundas transformações estruturais no mundo inteiro, a atenção para iniciativas nesse sentido ganha ainda mais relevância. O desafio é investir em ações que possam garantir o desenvolvimento e a modernização do varejo, especialmente com a criação de modelos diferenciados e a adaptação dos formatos tradicionais às tendências e às novas formas de interação e relacionamento com o público.
Essa necessidade se acentuou nos últimos anos, devido a diversos fatores, como as mudanças de hábitos de consumo, provocadas pelo surgimento de um cliente mais exigente, informado e conectado. Além disso, o avanço permanente da tecnologia, com destaque para o comércio eletrônico, a concorrência internacional cada vez mais acirrada e a expansão da chamada indústria 4.0 exigem que o varejo se inove para acompanhar toda essa evolução.
Ao mesmo tempo, aperfeiçoar as ações de inovação – o que inclui melhoria nas vendas, na gestão e nos processos internos, bem como estrutura de marketing, capacitação de funcionários e realização de lançamento – é uma medida capaz de gerar vantagens competitivas para as empresas. Permite, na prática, a aquisição de novos conhecimentos, o acesso a diferentes mercados, a ampliação das receitas, a promoção de parcerias e a expansão do valor da marca, entre outras vantagens.
Por tudo isso, há um enorme potencial para a ampliação dos investimentos em inovação no varejo. Em especial, porque a grande maioria dos empresários já percebe a importância de agregar soluções e resultados práticos ao seu negócio. Embora, muitas vezes, faltem conhecimento e direcionamento para inserir as novas ferramentas no planejamento permanente da organização.
Para preencher essa lacuna, principalmente nas micros e pequenas empresas, e potencializar a cultura empreendedora no setor terciário, entidades representativas de diversos segmentos buscam alternativas para incrementar o acesso a ferramentas de inovação. Um dos exemplos de ação vem da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), vinculada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Ela lançou, em junho de 2018, o Laboratório de Inovação do Varejo (ProVa), com a missão de ser um elo entre o ecossistema de inovação e startups e os varejistas.
A Fecomércio MG é parceira desse projeto e, inspirada nele, acaba de lançar, em Minas Gerais, o Movimento Empresarial de Inovação e Competitividade (MEIC). A intenção é que a iniciativa seja referência e instrumento para a transformação dos setores de comércio e serviços, por meio de novas práticas e outras soluções inovadoras. A meta é proporcionar um espaço de discussão desses temas com os empresários e fortalecer a conexão entre a comunidade empresarial e os diversos agentes de inovação para o setor terciário (empreendedores, investidores, aceleradoras, usuários, universidades e governo).
Iniciativas desse tipo, em todas as esferas da economia, são fundamentais para que as empresas varejistas sejam mais competitivas. Ainda mais quando se observam os números do setor de serviços (incluído o comércio), a mais importante atividade econômica do Brasil. Atualmente, ele responde por 63% do Produto Interno Bruto (PIB), 74% da força de trabalho e por 76 de cada 100 novos postos de trabalho formais.
Portanto, a expectativa é de que surjam cada vez mais alternativas para fortalecer a conexão entre a comunidade empresarial e os diversos agentes de inovação para o comércio e serviços, como empreendedores, investidores, aceleradoras, usuários, universidades e governo. Já o empresário também deve se manter atento e em busca de novos conhecimentos e procedimentos para que possa se adaptar ao novo momento do setor e enfrentar, com mais foco e segurança, os muitos desafios que se apresentam.
*Artigo publicado no jornal Hoje em Dia