20 de jun de 2018
O aumento no custo da energia elétrica em Minas Gerais tem deixado vários setores da economia apreensivos. Na última semana de maio, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) homologou as novas tarifas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que são revisadas a cada quatro anos. Em vigor desde o dia 28 de maio, o índice médio do reajuste para os consumidores foi de 23,19%, sendo 18,53% para os residenciais e 35,56% para industriais e comerciais de médio e grande porte, atendidos pelas redes de alta tensão.
A eletricidade tem peso significativo nos custos do setor industrial do país. Só a indústria têxtil compromete 44% de suas despesas com energia. Nesse cenário de elevação da tarifa, a maior nos últimos dez anos, o industrial acaba repassando os custos das novas alíquotas às mercadorias. Uma situação que se repete em outros setores da economia, como comércio e serviços.
Segundo o economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, em Minas Gerais, o aumento deve ter reflexo em duas frentes no comércio. “O primeiro é o impacto direto no custo operacional do negócio; o segundo, de forma indireta, vem pela diminuição da renda disponível das famílias para o consumo, pois os clientes residenciais também terão uma elevação significativa na conta de luz”, explica.
Reajuste e bandeiras
Após alta de 0,99% em abril, na comparação com março, o preço da energia acelerou 3,53% em maio. O acréscimo corresponde a 0,12 pontos percentuais (p.p.) da inflação para o mês. O resultado considera a bandeira amarela sobre as contas de luz, adicionando R$ 0,01 para cada quilowatt-hora (kWh) consumido. “Em junho, essa elevação deve ser ainda maior; no Estado, em função do reajuste da tarifa da Cemig; em todo o Brasil, por causa da bandeira vermelha patamar 2, que deve somar R$ 0,05 para cada quilowatt-hora”, detalha.
Entenda o aumento
De acordo com a Cemig, o reajuste na conta de luz foi feito com base no alto valor gasto com a compra de energia para atender a demanda de 8,2 milhões de unidades consumidoras no Estado. O baixo nível dos reservatórios brasileiros nos últimos anos, especialmente no segundo semestre de 2017, prejudicou a geração da energia hidrelétrica. Por esse motivo foi necessário o acionamento das usinas térmicas que, por utilizarem combustíveis fósseis, são mais caras.
Além das termoelétricas, outros itens que compõem a tarifa também subiram: encargos setoriais tiveram peso de 4 p.p., a compra de energia impactou em 2,71 p.p, o custo de transmissão em 1,38 e de distribuição em 4,6. Juntos, esses itens explicam mais da metade do reajuste. O restante diz respeito a componentes financeiros, que, embora elevados, têm efeito anual.