17 de jan de 2019
O faturamento de quase R$ 3,3 bilhões da Black Friday alavancou o comércio em novembro passado, colaborando para a recuperação do setor, que igualou os números registrados há quatro anos para o mesmo período. De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas dos dez segmentos que integram o comércio varejista ampliado avançou 1,5% em novembro, frente a outubro.
O chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes, ressalta que os segmentos de artigos de uso pessoal e doméstico (+6,0%) e móveis e eletrodomésticos (+5,0%) foram os que mais se destacaram. “Eles são tipicamente mais impactados pelo aumento das vendas da Black Friday, com suas ações coordenadas de promoções em diversos segmentos do varejo, especialmente naqueles de linha branca e eletroeletrônicos.”
Na comparação com o mês de novembro de 2017, o varejo ampliado, que inclui os segmentos de veículos e de materiais de construção, registrou uma expansão de 5,8%. Dois segmentos sozinhos foram responsáveis por 83% desse crescimento nas vendas: artigos de uso pessoal e doméstico, com alta de 16,9%, e o comércio automotivo, com melhora de 12,8% no período comparado.
Serviços se mantém estáveis
O IBGE também divulgou os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de novembro. De acordo com o instituto, o volume de receitas de serviços permaneceu estável pelo segundo mês consecutivo. Com isso, o setor segue sem apresentar crescimento anual desde 2014. No entanto, pelo quarto ano seguido, o volume de serviços apresentou expansão (+ 0,9%), embora ainda tímida.
A prestação de serviços às famílias foi o destaque positivo de novembro, com aumento de 3,1%, a segunda maior taxa dos últimos 15 meses. Já a prestação de serviços profissionais administrativos e complementares, ligadas à contratação de mão de obra especializada pelas empresas, registrou queda de 1,1%.
Segundo Bentes, a cautela adotada em virtude da mudança de governo e o avanço da inflação de serviços (+ 0,41%), a maior desde julho de 2018, não contribuiu para a retomada da atividade do setor. Para não acumular a quarta queda anual nos serviços será preciso que dezembro registre uma alta de 1% no volume de receitas para o setor. “Mesmo que isso ocorra, a recuperação plena dos serviços segue distante, já que o atual volume de receitas ainda se encontra 11,7% aquém do nível anterior à última recessão”, aponta Bentes.
O que esperar para 2019
Neste ano, a CNC projeta um crescimento de 5,8% no volume de vendas para o varejo ampliado no país. O recuo recente da taxa de câmbio e a percepção de um menor crescimento para a economia internacional favorecem a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano, ajudando na reação do mercado de crédito. Por isso, a entidade também prevê melhora de 2% para os serviços. A projeção, no entanto, ainda permanece abaixo daquela registrada em 2014 (2,5%), quando o país entrava em recessão.
* Com informações da CNC